Sucessor de Américo de Sá desde 17 de abril de 1982, o 33.º líder máximo da história do clube, de 86 anos, foi várias vezes reeleito de forma isolada, à exceção de 1988 e 1991, quando superou o médico José Martins Soares, e de 2020, ao ter concorrência a dobrar.
Os 68,65% de votos recolhidos há quatro anos permitiram deixar para trás o jurista José Fernando Rio (26,44%) e o empresário e professor Nuno Lobo (4,91%), mas refletiram a percentagem mais baixa em 15 triunfos eleitorais somados no seu reinado presidencial.
Pinto da Costa (lista A) volta agora a encarar dois adversários, com Nuno Lobo (C) a ser acompanhado pelo ex-treinador André Villas-Boas (B), que arrebatou quatro troféus pela equipa de futebol azul e branca, entre os quais campeonato e Liga Europa, em 2010/11.
Nunca a gestão desportiva, financeira e até infraestrutural do dirigente com mais títulos e longevidade do futebol mundial foi tão contestada, numa fase em que o FC Porto já está arredado do título de campeão nacional e quase de fora da próxima Liga dos Campeões, ao ser terceiro colocado da Liga a quatro rondas do fim, com os mesmos 62 pontos do SC Braga, a 18 do líder destacado Sporting e a 11 do Benfica, detentor do cetro.
Partindo para uma última recandidatura, Pinto da Costa mudou cinco dos atuais seis vice-presidentes e manteve apenas Vítor Baía, antigo guarda-redes internacional português e administrador da SAD, nos candidatos a membros diretivos pela lista “Todos pelo Porto”.
Adelino Caldeira, que estava na estrutura há cerca de três décadas, e Fernando Gomes, administrador financeiro desde 2014, são baixas de vulto, sendo ladeados por Américo Amorim e Paulo Mendes, enquanto Alípio Jorge Fernandes transita para vogal do bilhar.
A renovação estrutural pedida por Pinto da Costa levou à aposta em António Oliveira, ex-futebolista e treinador do FC Porto e atual acionista da SAD, no empresário João Rafael Koehler, que ficará responsável pelo pelouro financeiro, e na ortopedista Marta Massada.
O advogado Nuno Cerejeira Namora, vice da Mesa da Assembleia Geral (MAG), e o ex-hoquista Vítor Hugo, vogal para o basquetebol, completam a direção do clube, estando a administração das finanças da SAD destinada ao economista José Fernando Figueiredo.
Se José Lourenço Pinto tenta ser reeleito na MAG, Ricardo Valente, vereador da Câmara Municipal do Porto, almeja suceder a Jorge Guimarães, no Conselho Fiscal e Disciplinar, e Américo Aguiar, cardeal e bispo de Setúbal, encabeça a disputa pelo Conselho Superior.
Transparência e boa governança, sustentabilidade e crescimento, modalidades e futebol feminino, experiência e relação com os sócios, jovens no centro do futuro ou formação e prospeção perfazem os seis eixos orientadores do programa eleitoral de Pinto da Costa.
Aliado à redução de custos totais em 20%, à reestruturação das empresas do Grupo FC Porto e ao fim do pagamento de prémios aos administradores da SAD, o refinanciamento do passivo assenta num instrumento de 250 milhões de euros (ME) e visa a estabilização financeira em dois anos e a duplicação das receitas em três, numa subida anual de 25%.
Com 2.586 troféus obtidos em 21 modalidades, 68 dos quais no futebol sénior masculino, Pinto da Costa quer avaliar a criação do futsal e do surf e estrear uma equipa de futebol feminino, tendo já em marcha na Maia a construção da academia prometida desde 2016.
Essa foi uma das decisões impactantes tomadas pela atual gestão nos meses prévios às eleições, a par da antecipação de 54,3 ME em receitas audiovisuais, da obtenção de 65 ME pelo acordo de 25 anos celebrado com a sociedade espanhola Ithaka Infra III para a exploração comercial do Estádio do Dragão ou da reavaliação do recinto, que conduziu à diminuição dos capitais próprios negativos de 175,980 ME para 8,5 ME no final de 2023.
A inversão desse valor contabilístico, que se deve tornar positivo no final do exercício de 2023/24, foi um dos três pressupostos definidos por Pinto da Costa para se recandidatar, além da edificação da academia e do acesso aos oitavos de final da Liga dos Campeões, objetivo concretizado pelo conjunto de Sérgio Conceição, que, a par do defesa central e capitão Pepe, tem acordo para renovar contrato em caso de triunfo eleitoral do dirigente.